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Embarque na jornada fascinante de Oskar Metsavaht, um gaúcho que moldou um caminho nada convencional até o universo da moda
Nesta entrevista exclusiva, exploramos sua inspiradora trajetória desde os dias de juventude até a decisão corajosa de abandonar uma promissora carreira em ortopedia para criar sua marca, a Osklen
Dono da sua própria trajetória, em 1986 Oskar conheceu o snowboard em uma expedição ao Mont Blanc. Neste mesmo ano, foi também médico de outra expedição, desta vez ao Aconcágua, e acabou desenhando o seu primeiro casaco e testando o seu design, na época, ainda sem pensar muito no que estava fazendo.
Ao nos guiar por suas experiências iniciais escalando montanhas, inovando ao transformar os patins da irmã em um skate, e desbravando ondas, até criar uma das marcas mais icônicas do Brasil, ele revela um percurso onde a moda encontra a arte em cada detalhe. As criações de Oskar, marcadas por uma harmonia única entre estilo e respeito pelo meio ambiente, oferecem uma visão sobre o futuro da moda e como ela pode coexistir em simbiose com nosso planeta.
Oskar, sua jornada desde a infância surfista até se tornar um renomado nome na moda é bastante inspiradora. Pode compartilhar um pouco sobre como essas experiências moldaram sua visão?
Minha jornada começou com uma curiosidade insaciável e um desejo de explorar, influenciada pela paixão do meu pai pelo surfe, e essa conexão inicial com o mar foi o ponto de partida para minha futura trajetória. Na infância, eu já mostrava um instinto para reinventar e criar, transformando patins em skates, simbolizando minha tendência natural para a inovação e o design.
Essa mesma curiosidade me levou ao mundo do montanhismo e a desafios como a escalada do Aconcágua, ainda como médico, que acabou sendo não apenas uma aventura física, mas também um laboratório de criação, pois inspirou a criação do meu primeiro casaco, que confeccionei junto do meu irmão, Leonardo. Esse foi um marco decisivo, revelando minha paixão por criar e combinar estilo, funcionalidade e respeito pela natureza.
A escalada ao Mont Blanc foi a sua primeira experiência com a neve?
Na verdade, não. Quando eu tinha 4 anos, em Caxias do Sul, cidade onde nasci, certo dia, começaram a cair flocos de neve, acontecimento raro no Brasil. A beleza daquilo me marcou muito. Depois disso, na minha primeira viagem à Europa, lembro de cruzar os Alpes, olhar para baixo e pensar: eu ainda vou estar aqui, curtindo essa montanha. Mas foi só anos depois, quando eu escalei o Mont Blanc, que vi pela primeira vez o snowboard, em 86. Como eu sempre surfei, sempre sonhei em também surfar uma montanha, e foi em 90 que tive a oportunidade de colocar pela primeira vez uma prancha nos pés, nos Alpes Suíços. De lá para cá, nunca mais parei. A neve, seja uma nevasca ou uma nevezinha, a sensação de estar no snowboard e sentir aquele powder sob os pés é algo que, até hoje, me emociona.O snow, o surfe e o skate são fundamentais na minha vida, são meus três esportes, e estão, inclusive, no tridente que eu uso da Osklen. O eixo central é o surfe, o precursor dos outros dois, depois tem o skate, e do outro lado o snowboard. É através desses esportes que consigo me expressar como um agente de cultura, pois o lifestyle de cada um deles faz parte da minha vida.
O snow, o surfe e o skate são fundamentais na minha vida, são meus três esportes, e estão, inclusive, no tridente que eu uso da Osklen. O eixo central é o surfe, o precursor dos outros dois, depois tem o skate, e do outro lado o snowboard. É através desses esportes que consigo me expressar como um agente de cultura, pois o lifestyle de cada um deles faz parte da minha vida.
A prancha de skate, do surfe, e do snowboard, são objetos do desejo humano, uma maneira de se relacionar com o ambiente que nos cerca. A gente desafia um corpo orgânico, criando manobras, e é lindo isso. Enquanto no surf surfamos no oceano, no snow surfamos na montanha e no skate surfamos na cidade.
A paixão pelo snow veio disso: de pensar, de imaginar, de surfar a neve. Comecei com 30 anos e, a partir daí, rapidamente fui me expressando por meio do esporte.
Foi fácil a adaptação do surfe e do skate para o snowboard?
Inicialmente não, achei que seria igual, mas logo percebi que tinha suas peculiaridades, as botas eram duras e a base um pouco mais avançada, se comparada ao skate. Mas quando comecei a treinar, peguei o jeito e começou a fluir, comecei a fazer carvings e sentir aquela sensação indescritível de fazer um carving com o corpo bem colado ao chão, jogando neve para cima.
Me encantei pelo snow também, por não ter aquela competição pela onda, como no surfe, e por ser uma onda que dura mais. Além de ser um esporte família, que se pode fazer com os filhos, todos curtindo juntos.
Teria alguma história curiosa relacionada ao snowboard para compartilhar?
São muitas, mas teve uma época que, devido a uma matéria que havia feito para o Fantástico, o Valle Nevado ofereceu para mim e meu irmão Leonardo uma espécie de patrocínio, com carta-branca para hospedagem o tempo inteiro, porém na época eu ainda tinha que trabalhar como médico. Quando conseguia um tempinho era muito legal, dava para pegar um avião rápido para Santiago e no mesmo dia estava lá. Tinha dias em que a gente conseguia chegar e ainda pegar uma meia horinha da pista aberta. Imagina, sair do Rio de Janeiro de manhã e estar na montanha à tarde. Teve um dia que fiz questão de entrar no mar, pegar uma ondinha, tomar banho de chuveiro rápido, e ir para o aeroporto. Só para fazer essa experiência, né? De surfar e andar de snow no mesmo dia.